quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Você indo embora.

Eu parada na porta às quatro da manhã. Você indo embora. Eu me perdendo então desamparada entre cinzeiros cheios e garrafas vazias. Você indo embora. Eu indecisa entre beber um pouco mais ou lavar copos, bater sofás, guardar discos, mastigar algum verso, adoçando o inevitável amargo despertar para depois deitar, partir, morrer, sonhar quem sabe, talvez. Você indo embora. Acordar na manhã seguinte com gosto de madeira velha na boca: mais frustração que ressaca, desgosto generalizado que aspirina alguma cura. Tocaria o telefone? Você indo embora, fotograma repetido. Na montagem, intercalar. 
Você indo embora. Pegar o mesmo caminho. Pagar a conta atrasada. Devolver os filmes. Comer, andar, falar. Existir. Você indo embora. Você indo embora.