quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu preciso.

Da adrenalina, do frio na barriga, do arrepio na espinha. Eu preciso me sentir em perigo, insegura. Preciso sentir medo, nervosismo. A rotina me consome, a comodidade me detona. Sou movida a emoção. Eu preciso de algo que me tire o fôlego, que queime dentro de mim. Preciso me sentir inexplicável. Eu só não quero me sentir vazia. 
Eu preciso me sentir viva.
E essa falta cresce à cada dia, de forma avassaladora, quando enfim penso que estou me acostumando, que estou te esquecendo, você ressurge de forma inesperada ocupando todos os espaços, transbordando de dentro de mim. E é nessa inconstante loucura que vivo sem te ter.
Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Simples.

Atrás da rebeldia, uma ânsia única e simples: beber, de todas as maneiras, todo amor que pudesse haver nesta vida. Cada vez mais acelerado, com menos tempo a perder com aquilo que não fosse profundamente verdadeiro, embora doloroso. Tudo que era fúria, virou também amor. E o que foi sombra, transformou-se em luz. Espelho dos nossos infernos e paraísos mais secretos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Frágil.

Você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.

domingo, 15 de agosto de 2010

Nós éramos sem começo, sem fim, sem motivo.


Eu te amava depois do banho, eu te amava indo trabalhar sujo de mim, eu te amava humano e eu te amava, sobretudo, alienígena e com sono de sentir a vida.
Sinto saudades de respirar o mais profundo possível, como já escrevi antes, perto de sua nuca. E descobrir novidades sem nome e sem solução.Sinto saudades de me perder tentando entender de que tanto você sorria, de que tanto você brilhava, de que tanto você se perdia e se escondia.
Peço licença ao meu ódio tão feio e tão infinito para te amar só mais uma vez. Quero te amar sozinha aqui, na minha casa nova, em minha quase nova vida. Quero esquecer todo o nada que você representa e dar contorno aos desenhos que não saem da minha cabeça. Nunca entendi seu coração, nunca entendi seus olhos, nunca entendi suas pernas, mas só por hoje queria poder lamber sua fumaça para que ela permanecesse mais, pesasse mais.
É libertador esquecer meu desejo de vingança, a vontade que tenho de explodir sua vida, o vício que tenho de passar mil vezes por dia, em pensamento, ao seu lado. E pisar em cima da sua inexistência e liberdade. Chega disso, só pelo tempo em que durarem estas letras e a música que coloco para reviver você, vou te amar mais esta vez. Vou me enganar mais uma vez, fingindo que te amo às vezes, como se não te amasse sempre.
Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.Ainda assim, há meses, há séculos que se arrastam deixando tudo adulto demais, morto demais, simples demais, exato e triste demais, eu sinto sua falta com se tivesse perdido meu braço direito.
Esse amor periférico, ainda que não me deixe descoberto o peito, me descobre os buracos. Não são de suas palavras que sinto falta. Não é da sua voz meio burralda e do seu bocejo alto demais para me calar e me implorar menos sentimentos. Não é, tampouco, do seu abraço. Sua presença sempre deixou lacunas e friagens que zumbiam macabramente entre tantas frestas sem encaixe.
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu.
Sinto falta mesmo, para maior desespero e inconformismo do meu coração metido a profundo, engolir sua simplicidade, me rasgar com sua banalidade, calar sua estupidez, respirar seu ronco, tocar sua inexistência, espirrar com sua fumaça. Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.
Simplesmente isso. Você, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agüentar o silêncio, sem alma para agüentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza.
Sinto falta da raiva, disfarçada em desprezo, que você tinha em nunca me fazer feliz, sinto falta da certeza de que tudo estava errado, mas do corpo sem forças para fugir, sinto falta do cheiro de morte que carregávamos enquanto ainda era possível velar seu corpo ao meu lado, sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.
Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria.
Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. 
Sou irritável e firo facilmente. 
Também sou muito calmo e perdôo logo. 
Não esqueço nunca. 
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.
Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.
Noites sem dormir e a luz do dia esverdeando as caras pálidas e as peles secas desidratadas e as vozes roucas de tanto falar e fumar e falar e fumar. Vomitou mais. Nojo, saudade.

Aquela coisa sôfrega.

Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?
Esperança? Não me diga que você está com esperança!
Estou, estou.


Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo. Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem. Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram. Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir. Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi. Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto. Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir. Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam. Já tive crises de riso quando não podia. Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva. Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse. Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar. Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros. Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros. Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz. Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava. Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro me acho, me agacho, fico ali. Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais. Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria. Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava. Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda. Já chamei pessoas próximas de amigo e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre. Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes. Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar.
G.M.F.

sábado, 14 de agosto de 2010

Estou te amando muito nesse momento



Te escrevo porque é noite, está quente e me convém. 
Ando íntima de pessoas tão perversas. Faço barulho, berro de prazer e dou dentadas em pedacinhos de vida. Tenho conversado com tanta gente, tenho me sentido tão longe de todo mundo. Ninguém me traduz. Virei um deserto e nada mata minha sede. Gente demais me dá um silêncio, cara. Pra agora, eu só queria quê. Conversas baixinhas, brincadeiras com minhas mãos, uma sacudida com qualquer filosofia fodida, dilacerada, porque a poesia já acabou faz tempo.
Ontem arranquei coisa pra caramba aqui de dentro. Com minhas unhas, mesmo. Te liguei e fiquei muda, de repente. Em minha voz não coube o excesso de palavras. Ela despenca ao te ouvir, antes de ser entregue. E se de repente eu te escuto, vou para a rua. Você me leva. Atraso passos, te imaginando na esquina seguinte. Batuco músicas com os dedos, sentada à mesa, enquanto meu coração pulsa teus passos inexistentes. Sinto teu cheiro pelo corredor. Quinto andar. Você sorriria ao me ver assim, vestida de mim, e só. Ninguém sabe me traçar com os olhos como você faz.
Já é tarde e eu estava precisando sentir. Sentir. Sentir tudo. O poeta disse: é preciso estar sempre embriagado. É preciso, sim. Embriagado de vinho, vida ou um sorriso teu. Porque por um instante eu perco o medo de me entregar. De ser. E penso que o amor é essa coisa assim, que tomam de você a vida inteira. E sempre vai ter. Sempre tanto. Tanto. É como quando você me deu aquele último abraço e eu me descobri cheia de corações. Seria impossível tamanho rebuliço por conta de um só pulsar. Eu tenho um coração em cada canto. Um acúmulo bonito de coisas que não consigo nem mostrar.
Te escrevo porque, caminhando, vi uma coisa desse jeitinho, todinha azul, completamente blue e lembrei de você. Pessoas sorrindo, um amor acontecendo em algum lugar. E quando o relógio anunciar as duas horas da madrugada, eu escrevo mais uma taça e saio daqui poema.Eu quero muito ser feliz, cara. Com ou sem toda essa nossa simbiose monstra. A vida é muito mais barra sem você, constato. Te envio então esses meus recortes de um decalque quase-romântico. E te escrevo porque sempre haveremos de ser necessários.




Eu me encontro mais e mais, antes perdida, em minhas ideias repentinas. Em meu coração machucado tentando novamente se expandir em direção ao amor. Em minha constante fuga daquilo que me leva à dor. E vejo, não claro, mas melhor, que eu sou transitória. Mutável. Mas que sou construída sobre uma base tênue e, ao mesmo tempo, inquebrável, de princípios. Eu tenho uma linha de ser, e sobre ela teço as mais diversas formas de agir.

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas
Essas e o que falta nelas eternamente -
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Nenhuma vontade de ficar.

Meus dias são sempre como uma véspera de partida. Movimento-me entre as pontas como quem sabe que daqui a pouco já não vai estar presente. As malas estão prontas, as despedidas foram feitas caminhando de um lado para outro na plataforma da estação. Só me resta olhar as coisas lerdo e torvo, sem nenhuma emoção, nenhuma vontade de ficar.
É difícil me iludir porque não costumo esperar muito de ninguém. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito. Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça, não atendo o telefone se não estou com vontade de conversar.

Tenho meus motivos.

 Para odiar, quem eu quiser.
 Para tomar atitudes, sejam quais forem as consequências. 
 Para dizer que tenho motivos, sem te-los.
 Mas sempre crio motivos pra mim.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

 E talvez esse final feliz não inclua um cara incrível. Talvez seja você sozinha recolhendo os cacos e recomeçando, ficando livre para algo melhor no futuro. Talvez o final feliz seja só seguir em frente. Ou talvez o final feliz seja isto: saber que mesmo com ligações sem retorno e corações partidos, com todos os erros estúpidos e sinais mal interpretados, com toda a vergonha e todo constrangimento, você nunca perdeu a esperança.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

sábado, 7 de agosto de 2010


Yesterday
All my troubles seemed so far away
Now it looks as though they're here to stay
Oh, I believe in yesterday
Suddenly
I'm not half the man I used to be
There's a shadow hanging over me
Oh, yesterday came suddenly
Why she had to go I don't know
She wouldn't say
I said something wrong now I long
For yesterday

Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina – ela repetiu olhando-se bem nos olhos, em frente ao espelho. Ou quando começa: certo susto na boca do estômago. Como o carrinho da montanha-russa, naquele momento lá no alto, justo antes de despencar em direção. Em direção a quê? Depois de subidas e descidas, em direção àquele ponto seco de agora. Restava acender outro cigarro, e foi o que fez.
Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa, como pesa uma ausência e a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso de uma solidão no meio de outras. 

Não é preciso apagar a luz. Fecho os olhos e tudo vem num caleidoscópio sem lógica. Eu quase posso ouvir a tua voz. 


sexta-feira, 6 de agosto de 2010



Assustavam-me essas certezas súbitas, tão súbitas que eu nada podia fazer senão aceitá-las, como todas as outras.

Acabou de sair.

Sua enorme inteligência compreensiva, aquele seu coração vazio de mim que precisa que eu seja admirável para poder me admirar. Minha grande altivez: prefiro ser achada na rua. Do que neste fictício palácio onde não me acharão porque - porque mando dizer que não estou, “ela acabou de sair”.


Não me alimento de quases não me contento com a metade. Não serei sua meio amiga e nem te darei meu quase amor, é tudo ou nada. Não existe meio termo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Talvez eu saiba no fundo da alma que o amor nunca dura, e nós temos que arranjar outros meios de seguir em frente sozinhos ou ficar com uma cara boa. E eu sempre vivi assim, mantendo uma distância confortável. Até agora eu tinha jurado a mim mesma que eu era feliz com a solidão, porque nada disso valia a pena o risco.



Foi numa dessas manhãs sem sol que percebi o quanto já estava dentro do que não suspeitava. E a tal ponto que tive a certeza súbita que não conseguiria mais sair. Não sabia até que ponto isso seria bom ou mau — mas de qualquer forma não conseguia definir o que se fez quando comecei a perceber as lembranças espatifadas pelo quarto. Não que houvesse fotografias ou qualquer coisa de muito concreto — certamente havia o concreto em algumas roupas, uma escova de dentes, alguns discos, um livro: as miudezas se amontoavam pelos cantos. Mas o que marcava e pesava mais era o intangível.

terça-feira, 3 de agosto de 2010




I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at the floor and I see it needs sweeping
Still my guitar gently weeps


I don't know why nobody told you
How to unfold you love
I don't know how someone controlled you
They bought and sold you


I look at the world and I notice it's turning
While my guitar gently weeps
With every mistake we must surely be learning
Still my guitar gently weeps


I don't know how you were diverted
You were perverted too
I don't know how you were inverted
No one alerted you


I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at you all
Still my guitar gently weeps

I look from the wings at the play you are staging
While my guitar gently weeps
As I'm sitting here doing nothing but aging
Still my guitar gently weeps


Minha verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia. Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo a minha solidão. Que ás vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver.


Chorei três horas, depois dormi dois dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total.