quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eu preciso.

Da adrenalina, do frio na barriga, do arrepio na espinha. Eu preciso me sentir em perigo, insegura. Preciso sentir medo, nervosismo. A rotina me consome, a comodidade me detona. Sou movida a emoção. Eu preciso de algo que me tire o fôlego, que queime dentro de mim. Preciso me sentir inexplicável. Eu só não quero me sentir vazia. 
Eu preciso me sentir viva.
E essa falta cresce à cada dia, de forma avassaladora, quando enfim penso que estou me acostumando, que estou te esquecendo, você ressurge de forma inesperada ocupando todos os espaços, transbordando de dentro de mim. E é nessa inconstante loucura que vivo sem te ter.
Meu coração é um álbum de retratos tão antigos que suas faces mal se adivinham. Roídas de traça, amareladas de tempo, faces desfeitas, imóveis, cristalizadas em poses rígidas para o fotógrafo invisível. Este apertava os olhos quando sorria. Aquela tinha um jeito peculiar de inclinar a cabeça. Eu viro as folhas, o pó resta nos dedos, o vento sopra.

Simples.

Atrás da rebeldia, uma ânsia única e simples: beber, de todas as maneiras, todo amor que pudesse haver nesta vida. Cada vez mais acelerado, com menos tempo a perder com aquilo que não fosse profundamente verdadeiro, embora doloroso. Tudo que era fúria, virou também amor. E o que foi sombra, transformou-se em luz. Espelho dos nossos infernos e paraísos mais secretos.