domingo, 26 de setembro de 2010

Férias,um porre e um novo amor.

Dá vontade de mandar meia dúzia de gente tomar no cu e correr pra casa chorando, se trancar no quarto pra tomar um toddy e jogar playstation até ficar vesga. Isso de escolher qual cara eu vou vestir hoje fode com tudo. Sempre. É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me sequestre de uma vez. Talvez você pule esses tres ou quatro muros que nos separam e segure a minha mão, assim, ofegante, pra nunca mais soltar. Talvez você ainda possa pular no rio e me salvar. Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia.

sábado, 18 de setembro de 2010

Necessidade pura e simples.

Preciso de alguém, e é tão urgente o que digo. Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas preciso tanto e tanto. Perdoem a bandeira desfraldada, mas é assim que as coisas são-estão dentro-fora de mim: secas. Tão só nesta hora tardia, só sei falar dessas ausências que ressecam as palmas das mãos de carícias não dadas. Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como - eu estou aqui, eu te toco também. Que vontade, que vontade enorme de dizer outra vez meu amor, depois de tanto tempo e tanto medo. Que vontade escapista e burra de encontrar noutro olhar que não o meu próprio - tão cansado, tão causado - qualquer coisa vasta e abstrata quanto, digamos assim, um Caminho. Esse, simples mas proibido agora: o de tocar no outro. E te beijarei fundo molhado, em puro engano de instantes enganosos transitórios - que importa? (Mas finjo de adulto, digo coisas falsamente sábias, faço caras sérias, responsáveis. Engano, mistifico. Disfarço esta sede de ti, meu amor que nunca veio - viria? virá? - e minto não, já não preciso.) Preciso sim, preciso tanto. Alguém que aceite tanto meus sonos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Preciso de você que eu tanto amo e nunca encontrei. Para continuar vivendo, preciso da parte de mim que não está em mim, mas guardada em você que eu não conheço. Tenho urgência de ti, meu amor. Do sonho, do engano, da possível treva e também da luz, do jogo, do embuste: preciso de você para dizer eu te amo outra e outra vez. Como se fosse possível, como se fosse verdade, como se fosse ontem e amanhã.

Não, não deixe.

Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor, chegue mais perto.

Um amor.

Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências.Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa. Me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto. um amor raio trovão fazendo barulho. Me bagunça. E chove em mim todos os dias.

Apenas você.

Tenho me confundido na tentativa de te decifrar, todos os dias. Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. Não sinto nenhuma outra alegria além de ti.

Distante.

-Às vezes sinto falta de mim.
-Eu também, menina.
-Sente falta de si?
-Não, de você. E dói.
[Silêncio]
-Me abraça?
-Sempre.

Estou a deriva.

E com saudades.

Sem o outro.

O cheiro dele era tão bom nas mãos dela quando ela ia deitar, sem ele. O cheiro dela era tão bom nas mãos dele quando ele ia deitar, sem ela. O corpo dela se amoldava tão bem ao dele, quando dançavam. Ele gostava quando ela passava óleo nas suas costas. Ela gostava quando, depois de muito tempo calada, ele pegava no seu queixo perguntando ― o que foi, guria? Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sozinho.

Entramos no mundo sozinhos e saímos dele sozinhos. E tudo que acontece entre isso? Devemos a nós mesmos encontrar uma companhia. Precisamos de ajuda. Precisamos de apoio. Caso contrário, estamos nessa sozinhos. Estranhos. Desligados um dos outros. E nós nos esquecemos o quanto conectados estamos. Então, ao invés disso, escolhemos o amor. Escolhemos a vida. E por um momento nos sentimos um pouco menos sozinhos.

Lar.

Outra pessoa: Você vai mesmo embora?
M: Vou.
Outra pessoa: Mas aqui está a sua família, os seus amigos, o seu lar...
M: Defina lar.

Durante todo esse tempo



eu tenho pedido desculpas. Mas por que eu deveria pedir desculpas por erros que foram seus?

Auto-destrutivo.

Tudo isso me pertubava porque eu pensara, até então que, de certa forma toda a minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco um albúm de retratos. Carregada centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores dos edifícios altos e em todos os lugares onde, de repente, ficava sozinha comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes e não me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido da mesma forma revendo antigas fotografias. Mas eu não podia, eu não podia mas não devia, ou podia mas não queria, ou não sabia mas como se parava ou voltava atrás, eu tinha que continuar. Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais auto-destrutiva do que insistir sem fé nenhuma?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Você indo embora.

Eu parada na porta às quatro da manhã. Você indo embora. Eu me perdendo então desamparada entre cinzeiros cheios e garrafas vazias. Você indo embora. Eu indecisa entre beber um pouco mais ou lavar copos, bater sofás, guardar discos, mastigar algum verso, adoçando o inevitável amargo despertar para depois deitar, partir, morrer, sonhar quem sabe, talvez. Você indo embora. Acordar na manhã seguinte com gosto de madeira velha na boca: mais frustração que ressaca, desgosto generalizado que aspirina alguma cura. Tocaria o telefone? Você indo embora, fotograma repetido. Na montagem, intercalar. 
Você indo embora. Pegar o mesmo caminho. Pagar a conta atrasada. Devolver os filmes. Comer, andar, falar. Existir. Você indo embora. Você indo embora.