segunda-feira, 17 de outubro de 2011

L'excessive


O relógio antigo anuncia, amuado, as seis horas. Perdida em meio a tantas palavras, sento em um dos bancos decrépitos, com a pintura desgastada pelo tempo e corrosão. A mala pequena, pouco maior que uma criança magra descansa ao lado de meus pés. Homens e mulheres passam, mas seus rostos mal se adivinham. Toda sensação de exilamento passa por mim. Como se não pertencesse a mim mesma, sendo uma eterna estrangeira, esperando decididamente o trem de partida -este, sempre atrasado-.
As luzes oscilam na estação, enquanto alguém, alheio a qualquer um em sua volta, cantarola uma melodia levemente famíliar. 30. Me inquieto, de subto nervosa e apreensiva. A música vira um suave sussurro, acariciando minha mente. Ideias dormentes a tanto tempo -quanto?- acordam de seu sono conturbado e trazem vida à tudo o que meu subconciente estivera lutando pra esquecer. Risadas sonoras como plano de fundo de um filme piégas passam entre meus olhos e, tendo como telespectadora, minha alma. 20. Um calor morno tomava conta do meu corpo enquanto minhas lembranças e anseios iam sendo desmembrados, lágrima por lágrima.  Meu coração, um cliché barato de quinta categoria continuava guardando um sorriso em particular, por mais que toda a razão contestasse a estupidez da escolha. Eu, tola em meus devaneios, me apaixonei por cada lembrança, por cada vestigio de algo que já não era. 10. Em algum lugar, uma batalha antiga era travada, entre o que quero e o que preciso. Orgulhosa, insisto. Teimo no erro. Mistifico, engano a mim mesma, ainda sabendo que o perdedor só pode ser eu. 5. Mas finjo que não, e continuo lutando, brandindo minha furia -de que?- contra os ventos, para que, por um instante que seja, me sinta um pouco menos vazia. 4.
O trem chega e a estação inteira acorda. 3. Todos seguem apressados seus caminhos, carregando malas lotadas e corações apertados. 2. Lenços são usados e despedidas chorosas são feitas na ultima hora. 1. A fumaça levanta e o trem segue, espalhafatoso, seu rumo, com o peso da promessa que trazem os novos horizontes.
Algumas horas depois, sentada no mesmo banco, espero paciente o horário da partida. Perdida em mim mesma, um estranho passa ao meu lado, carregando um cheiro estranhamente famíliar... 
30.

domingo, 4 de setembro de 2011

Le vent nous portera.


Você começa a se lembrar do sorriso e dos olhos mesclados em alguma tonalidade entre o azul e o verde. Você se lembra da voz e daquele sotaque francês engraçado arranhando o inglês enquanto ele tentava explicar algum ditado famoso que você nunca tinha ouvido falar. Você se lembra das piadas que não faziam sentido e das longas caminhadas em meio ao vento. Lembra de como o tempo escapava entre seus dedos, por mais que você quisesse manter aquele momento para sempre. Você se lembra de como era adorável se sentir tão ingenua, tão protegida e -tão tão- livre. Nada mais importava. Ninguém, em lugar algum do mundo importava, só aquele momento, encapsulado cuidadosamente na memória.
E é como se, depois de tudo -tudo o quê?- você ainda fosse embora assim que o sol nascesse. Porque você foi. Seu ônibus partiu sem nenhuma cerimônia, e não houve cena romântica -como bem sabia- de um ultimo "Love you despite the distance" que contivesse meu ânimo, ou qualquer cliché barato que me fizesse sentir melhor. Você foi embora, pra onde quer que te levassem. 
Não cairam lágrimas, embora o peito tenha doído. E dói até hoje. 
Tudo bem, sejamos justos, eu também parti. Parti não, voltei. E é isso que não engulo. Esse foi o momento em que percebi que preferia estar em qualquer outro lugar, menos aqui. London, Paris. Uma passada em Dubai, alguns dias em Berlin... Até Zurich, pra completar o abecedário. A mala ainda está aberta. Existem fotos polaroid coladas na parede da sala mostrando sorrisos amarelos meio desfocados como plano de fundo. E a noite eu ainda te espero, mesmo sabendo que não virá, e mesmo sabendo que vai doer mais uma vez, só porque não consigo. Não consigo deixar passar, esquecer, ou pelo menos tirar da minha mente por alguns segundos. Eu virei saudade. Meu fim, triste e seco é perceber, só agora, no que me transformei: um punhado de nostalgia. 
Não é como se fosse sua culpa. Talvez seja minha, talvez da vida, ou do tempo. Ou mais provavelmente, culpa de ninguém, pois não há culpa em tais coisas. 
Sem me estender demais -pois o assunto vira faca que não corta, e tamanha repetição me desgasta-, só queria te dizer, por fim, que me faz falta. Me faz muita falta aquele sorriso despreocupado que eu conheci por algumas noites. 
E aqui, a verdade -como costuma ser- é simples e fatal:  pessoas certas acontecem. Distâncias erradas entre elas também.
Porque, apesar de tudo, você sempre vai ser o meu francês. O meu Pierre.

sábado, 21 de maio de 2011

Isso nunca vai mudar.

 E te dizia no escuro que era mais ou menos amor mesmo. Porque era. Porque é.

sábado, 14 de maio de 2011

Não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.


Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde.Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.

Vem comigo.

Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como esta. Feche as portas, não pague as contas e nem conte a ninguém. Nada mais importa.
Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa.
O resto? Ah, os restos são restos. E não importam. 
Não importa, não importa. 
Largo tudo. Venha comigo pra qualquer outro lugar. 
Foi em Abril, dirá abril e maio. Ou Setembro, Outubro. Os mais cruéis dos meses. Tanto faz, já não importará depois de tanto tempo, numa cidade remota. 
E vou dizendo lento, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo leve, e vou dizendo longo sem pausa: – gosto muito de você, gosto muito de você.

Meu coração tá ferido de amar errado.


Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto.

É isso ai, confie, acredite, ame. Vamos lá, decepcione-se!

Eu sei, você esqueceu de lembrar.
Eu sei, você esqueceu de voltar.
Eu sei, você esqueceu de tentar.
Eu sei, você esqueceu de lutar.
Eu sei, você esqueceu de ficar.
Eu sei, você esqueceu de sonhar.
Eu sei, você esqueceu como amar.
Eu sei, você esqueceu.
Veja o que me aconteceu.

Sou uma eterna apaixonada por pessoas inteiras.


Você não sabe ao certo o que vê em mim, mas também não sabe ao certo o que não vê. Você sabe que pode ter uma mulher mais gostosa do que eu, mas por alguma razão prefere aquela que ainda ri das suas piadas. Mesmo sendo as mesmas piadas há quatro ou cinco anos. Aí você me liga, com aquele ar descompromissado e meigo de quem só quer ir no cinema com uma velha amiga. Eu não faço a menor idéia do que vejo em você, mas também não faço idéia do que não vejo. Mas por alguma razão prefiro suas piadas velhas e seu jeito homem de ser. Você é um idiota, uma criança, um bobo alegre, um deslumbrado, um chato. Mas você é homem. E talvez seja só por isso que eu ainda te aguente: você pode ter todos os defeitos do mundo, mais ainda é melhor do que o resto do mundo. Aí a gente, sem saber ao certo o que está fazendo ali, mas sem lugar melhor para estar, acaba pulando o cinema que nunca existiu e indo direto ao assunto. O mesmo assunto de quatro ou cinco anos que, assim como as suas piadas, nunca cansam ou enjoam.E aí acontece um fenômeno muito estranho comigo. Mesmo quando não é bom, mesmo quando cansado e egoísta você não espera por mim e vira pro lado pra dormir, eu sempre me apaixono por você. Todas as vezes que te vi, nesses últimos quatro ou cinco anos, eu sempre me apaixonei por você. Eu sempre estive pronta pra começar algo, pra tomar um café de verdade, pra passear de mãos dadas no claro, pra escutar uma piada nova. Eu nunca vou entender. Eu nunca vou saber porque a vida é assim. Eu nunca vou entender porque a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais. Mas aí, daqui uns dias, igual faz há uns cinco ou seis anos, você vai me ligar. Querendo pegar aquele cineminha, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.

domingo, 1 de maio de 2011

Testosterone boys and harlequin girls


Sabe, talvez seja isso. O modo engraçado de dar ênfase nas palavras erradas, suas piadas velhas e desgastadas, esse jeito -tão garoto- de ser homem. Eu não sei o que eu vejo em você. Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba. Tem essa mania surda de responder todas as minhas perguntas com um "O que?" enjoado. Você já descobriu tudo o que me irrita e gosta de me ver assim. Você é um chato. Inteligente demais, ou burro demais, eu não saberia dizer ao certo. Você diz as coisas mais erradas do mundo sendo tão agitado. E por algum motivo bizarro, eu gosto. Assim a gente se completa de um jeito meio torto mesmo, porque eu nunca soube desenhar linhas retas.
Enquanto chega dia e passa dia, eu fico pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares e ver gente. Nunca planejei ser tão piégas, mas a verdade é que você deixa tudo leve. Não, você não leva embora os meus problemas ou qualquer bobagem assim. Na verdade, até traz uns -vários- novos pra coleção. Mas eu não consigo me livrar dessa sensação de que tudo está um pouquinho menos fodido com a gente junto.
Brigamos quando eu chego falando que certo cara é tudo o que eu sempre quis, e que acho que me apaixonei. Só pra te irritar, e ver você escondendo o ciúmes atrás de frases curtas e risadas forçadas. E então você se vinga, dizendo alguma coisa sobre como diversas garotas tem uma queda por você. Assim, com o orgulho ferido e uma pitada de arrogância intrínseca. Como se eu não soubesse.  
Você está sempre reclamando de que nós discutimos durante os 7 dias da semana. Eu só peço que entenda que odeio rotina. 
Eu me encho de raiva quando você vem com um "Ninguém é perfeito" se eu reclamo de algo que não gosto em você. Eu não preciso aceitar, ou gostar, de tudo o que você faz. E acabo sendo grossa, e ficando brava de repente, e você, como sempre, nunca enxerga o que fez de tão errado.  
Te falo, com uma paciência muito maior do que eu tenho, e me acostumei com o fato de que você nunca ouve. Ou se ouve, simplesmente ignora. Porque no dia seguinte repete tudo, como uma criança teimosa fazendo birra. E eu sinto como se você fosse embora sempre que o texto passa da terceira linha.
E depois disso você vem, juntando todos os pequenos defeitos que se tornam enormes quando a gente quer ficar brava com uma pessoa. Você consegue tirar as fotos mais ridículas que eu já vi, mesmo sendo tão bonito, além do péssimo gosto pra cortes de cabelo.
Mas aí eu me pego pensando em quando você escreve certo só pra me agradar, e lembra da minha neurose com os pontos finais, letras maiúsculas e erros tolos, como o "mas" e "mais". E seu jeito, mais sarcástico do que maldoso, de zombar as minhas notas em redação. E é tudo o que eu quero, quando você me olha sem pressa e sorri nervoso, sem saber porque a gente procura se perder. 
Eu não consigo imaginar o que passa na sua cabeça com os meus surtos, o modo de falar tudo rápido demais e como não sei aceitar elogios. Esse meu jeito confiante e segura demais por fora, sendo só mais uma garota com medo da vida por dentro. Da minha indecisão, e da mania desagradável de falar a verdade com todas as letras. Eu sempre vou ser daquelas que querem um beijo roubado no meio de uma briga. Vou querer surpresas e não promessas. Vou rir de mim mesma. 
Talvez, a culpa seja dessa minha mania de romantizar tudo de um jeito meio bruto, e desastrado. Ou daquela mania oposta de esperar o pior de todo mundo e nunca me surpreender. Ou, mais provavelmente, desse meu frenesi em estar sempre em conflito comigo mesma.
Tem coisas que eu não entendo, como as vezes em que vem você me olhar apaixonado e, no momento seguinte, frio. Ou quando fica todo nervosinho por uma brincadeira tonta, já que é exatamente o que reclama em mim.
Fico pensando e querendo saber coisas, que você me diga, qualquer coisa. O mesmo assunto de duas ou três semanas, os mesmos links desgastados ou aqueles documentarios ferrados de 3 horas que eu nunca vou assistir, tanto faz. 
E dou aquele sorriso cansado quando, no meio dos lugares mais improváveis, lembro de você.  Daquela vez, em que você ficou todo chocado quando, em plena madrugada, comecei a falar coisas sem sentido, discutindo vividamente sobre filmes pornô. Mas você fingiu que não ficou e eu fingi que não percebi. Ou das vezes que eu digo um "Acho que eu vou sair." e você não percebe que o que eu quero mesmo é que você me diga pra ficar, nem que seja para não falar nada.
E aí tem aquelas coisas sobre mim que seriam tão fáceis de descobrir, só que você não descobre. Tenho tanto de mim espalhado por aí, na sua frente, que só não vê por que não quer. Gosto de estar certa. De quem entende o que eu digo. Dos meus livros, minhas idiossincrasias, do meu mundo.
Eu gosto de mentir, e te enganar, só pela graça de ver sua cara -tão desesperada- segundos depois. E você me chama de idiota, vagabunda, mas sempre acaba rindo do meu prazer infantil em ser má.
Acho que no fim, nós estamos aqui porque não temos nenhum lugar melhor para estar e nada melhor para fazer. E porque só estar nos basta. E tudo isso, talvez seja um jeito meio confuso e demorado de dizer apenas uma coisa: 
Eu te odeio as vezes, mas só porque te gosto. E muito.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Eu quero te sentir nas minhas veias.


Não quero o morno.  O moderado, o devagar. Não quero o seguro, o fácil, nem o certo.
Quero brigas, tapas, beijos, copos quebrados na cozinha. Rotina me desgasta, comodidade me detona.
Quero sumir quando você menos esperar, só para saber que sentiu minha falta. 
Quero sentir seu medo, seu ciúmes, sua insegurança e esse seu orgulho cego.
Quero respirar seu ar. Quero colo. Que tu ria das minhas piadas se achar graça e que peça desculpas só quando achar que deve.
Quero, quero intenso. Dramático e exagerado. Nada tem hora a não ser agora.
Quero te chamar e você ouvir. Quero te chamar pra você vir.
Respeite as minhas birras, ria das minhas neuroses e me chame de menina tola -porque sou-. Me desafie. E me acredite, mesmo quando eu não o faça. Me faça rir e me deixe leve.
Quero musicas no volume máximo. Abraços apertados. Um pouco de ironia e sarcasmo. 
Pensar em você pra dormir melhor e acabar não dormindo. Apagar você da minha vida hoje, só pra te lembrar e esquecer todos os problemas amanhã.
E vou te chamar de bobo e de covarde, só por não saber o jeito certo de me amar.
Quero que diga que eu canto mal, que sou desastrada e que reclamo demais. Me roube um sorriso nos piores momentos. Seja forte e me faça forte.
Quero tanto e tanto.
Não me venha com frases feitas, amor de plástico e esses clichês tão vendidos no mercado. Mas venha, com tudo o que tiver.
E comigo é assim. Sou meia bomba, sempre a ponto de explodir.
Quero à flor da pele e quero agora.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Suas obsessões seguem padrões.



Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio. Vire meu mundo do avesso. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Essa é a lógica que eu inventei pra mim.

sábado, 12 de março de 2011

Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido.


Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora. Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.

Lying is the most fun a girl can have without taking her clothes off.


— E o amor, o amor. O que eu faço com isso?
— Você esquece, sei lá. Não tem tanta importância assim.

terça-feira, 1 de março de 2011

Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo.

Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto.Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor,
chegue mais perto.

As vezes as pessoas te escrevem coisas bonitas. Só as vezes.

 "Eu tenho uma amiga que me é muito cara. O seu nome é francês e ela diz, de forma sarcástica, que seu humor é britânico, mas presumo que esteja brincando comigo. Todos sabemos que os britânicos têm de tudo, menos humor. Não me recordo o tempo que a conheço, mas não é muito. Em verdade, ela é uma daquelas amizades que hoje em dia se proliferam no mundo virtual, mas é diferente do comum, é mais profunda e sincera do que habitualmente somos, mesmo pessoalmente, uns com os outros.
Confesso que não a conheço pessoalmente. Descrevê-la caminhando com passos gráceis, falar-lhes sobre a voz levemente doce e infanta que certamente possui, acrescentar linhas de adjetivos sobre sua beleza suave ou descrever seu risinho de menina eu não posso fazer. Isso seria desonesto de minha parte para com o leitor, pois não a conheço pessoalmente como já disse. É tentador falar sobre esses aspectos, mas seria apenas poético e nada verdadeiro.
Meus amigos às vezes me perguntam como posso conhecer e me envolver com pessoas pela internet em tantos níveis diferentes. Falam isso, pois sabem que tenho muitos conhecidos espalhados até mesmo em outros países e que me são de importância até maior – se é que isso existe -, das que lido em meu dia-a-dia. Digo-lhes, contudo, que apesar de aparentemente ser diferente conhecer e falar com alguém pela internet, não há essa discrepância toda. Posso pôr a prova o que digo puxando uma lista bem longa com nomes de pessoas que conheci desta forma e que hoje, após encontrá-los pessoalmente, são grandes amigos ou amigas ou até mesmo ex-namoradas de longa data. Há de tudo. Confesso, contudo, que assim como no mundo “real”, nesse mundo virtual me dou melhor com as mulheres. Prefiro a alma feminina, ela me apetece mais. A suavidade da mulher, mesmo que em virtualidade, permanece assim como a aspereza do homem. Mas não estou aqui para filosofar, então tratemos de voltar ao assunto.
Falava dessa minha amiga que, das muitas que possuo, é uma das que mais prezo. Não há um motivo claro para isso, existe apenas uma estima pura e impessoal, ao menos de minha parte. Isso é bom, pois quando algo torna-se pessoal tende a apodrecer se não for bem cuidado. Em nosso caso, não precisamos cuidar de nada, apenas somos o que somos um com um outro e que o resto se dane. Nós conversamos sempre que podemos, mas esses encontros são casuais. Não marcamos nada com nada, e jamais chamamos um ao outro para conversar. Apenas acontece, como se nos encontrássemos por acaso na rua e sentássemos num banco qualquer a tagarelar futilidades de todos os tons. Há dias que sequer nos despedimos. Não temos destes dedos um com o  outro, e deixamos isso para as pessoas mais polidas. Geralmente falamos por horas. Nossos assuntos vão desde discussões cultas sobre arte antiga e filosofia, passando por literatura, música e línguas até chegar em coisas mais baixas tal qual estudos, política e religião. Apesar de sua idade não ser relevante, seu pensamento alcança o meu com largas asas, e podemos quase sempre dizer disparates que poucos entenderiam ou dariam atenção. Noutro dia estávamos travando conhecimento sobre gírias e depois de algumas horas rindo daquele assunto fútil, mudamos drasticamente para uma discussão absurda onde ela rosnava afirmando que Pink é rosa em qualquer lugar do mundo. Não me perguntem como chegamos neste assunto, mas após dado ponto firmamos o consenso de que Pink é rosa em francês. O erro é evidente, mas que importa? Se falássemos que Pink é Pink qual seria a graça? O que interessa é que fazemos o que queremos com nosso Pink, e para nós ele é francês.
Há graça nela e muitas vezes prefiro apenas que fiquemos conversando a sós do que com outras pessoas sérias e sem graça. Procuro contar-lhe piadas sem sal, ou fazer comentários sobre qualquer coisa que geralmente não comentamos ou mesmo trocar insultos mil de forma desordenada. Sim, nós nos insultamos com tanta veemência que rimos disso. Os leitores podem ficar chocados, mas somos tão bons nessa arte que não nos machucamos um ao outro. Os insultos são variados, as pilherias das mais estudadas formas, e no fim sempre rimos como duas crianças tolas que se apontam os defeitos. Eu a chamo de “menina boba”, ela me diz “escritor arrogante”. Talvez haja mais verdade da parte dela para comigo, pois de boba ela nada tem. Contudo, verdade seja dita, ocorre às vezes de conversarmos de forma compenetrada e nestas horas digo-lhe coisas de meu íntimo, as quais o vulgo nada sabe. Ela talvez não o saiba, mas nas tardes quentes de tédio lembro-me de sua risada psicodélica e assim sigo meu dia, lembrando dessa minha amiga de nome francês, humor britânico, dentes tortos e amarelos de tomar café, mas que muito me alegra a vida... Nada mais." 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Perdendo a noção do tempo. Perdendo a noção faz tempo.

Tu achas que eu estou aqui, tu achas que está conversando comigo, e que eu presto atenção, que eu concordo, respondo, discordo, te ouço, argumento e novamente discordo. Mas eu não estou aqui. Eu não estou nem aí. É que por tantas vezes eu achei que tu estivesse comigo, tantas vezes eu, inclusive, jurei que estava conversando contigo, e que tu prestavas atenção, concordava, respondia, discordava, me ouvia, contra-argumentava e, novamente, discordava. Mas você não estava aqui. Você não estava nem aí. E é assim mesmo, sumidos de nós mesmos, que sobrevivemos aos golpes dos dias. Não é por acaso que surgem em nossos caminhos esses buracos. Nosso caminho é o mesmo, nosso vetor é o mesmo, mas é a nossa direção que nos faz bater de frente. E bater de frente dói demais, justamente porque a gente sabe exatamente tudo sobre o obstáculo que se aproxima, mas somos sempre acometidos pela impossibilidade do desvio. Na verdade, a gente gosta mesmo é do conflito. E isso nunca vai mudar.

É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser, mas venha agora.

Passei a acreditar que a felicidade mora na inexistente fração de tempo em que o passado toca o futuro. Se o passado é distração e o futuro, preocupação, sobra para nós, perseguidores da felicidade, a inexistente ilusão do presente, em que tu és o que tu fazes, e nada nem ninguém mais importa. Isso é felicidade. Agora te concentra e tenta materializar um momento que não acontece jamais. Sorria, pois já é quase dia e tu tens que acordar cedo.

Garçon, uma dose de amnésia e duas de desapego, por favor.

Eu não acredito nas palavras, acredito nos fatos, nas coisas e nas ações. Então o que é o perdão se não um produto sem justificativa pelo uso? E isso tudo é só um símbolo, é uma faca que não corta mais. E por isso eu não devia me calar o tanto. Essa lâmina continua afiada, e era eu que ainda não tinha observado tentando superar o mau gosto do meu sangue. E as lágrimas assim vão sendo confiscadas... tudo através do produto que continuam estagnadas nas pontas dos dedos e as minhas não são capazes de superar o medo e não conseguem ver que a vida continua.
Sem esquecer, sem relevar, sem perdoar.

Eu gosto de você porque gostar não faz sentido mesmo.


Eu preciso de um telefonema que nunca chega... De um alguém que nunca vem. Preciso de um colo, de um abraço, de um sorriso. Preciso de um beijo de boa noite, de um bilhete de amor escondido no bolso de trás de meu jeans, de um jantar à luz de velas. Preciso de palavras sinceras, de olhares profundos, de corações intactos. Preciso de paz interior e exterior. Preciso de um porto seguro, de um dia de sol, de um sono sem sonhos. Preciso da tua mão entrelaçada a minha. Preciso de uma mente mais livre, de um ar mais puro, de um desapego mais fácil. Preciso de um você mais meu. Preciso de um alguém que não me precisa.

Holofotes nos meus olhos cegam mais do que iluminam. Nem caiu a ficha e já caiu a ligação.

— Posso segurar sua mão?
— Não.
— Mas por quê?
— Porque vai doer muito quando você soltá-la.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Chegue em mim sem medo. Toque meus ombros. Olhe nos meus olhos. Como nas canções do rádio.

Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém. Assim, sem precisar procurar no meio da multidão. Alguém que me levasse ao cinema e, depois de um filme sem graça, me roubasse gargalhadas. Alguém que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse. Alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse. Que me dissesse que eu canto mal e que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada. Alguém que me olhasse nos olhos quando falo, sem me deixar intimidada. Alguém com qualidades e defeitos suportáveis. Que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. Alguém que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito. Feito pra mim.

De um amigo.

A menina do blog.
Ela quer tantas coisas, quer ser de tudo. É como se vivesse a procura de novos desafios e tudo lhe interessa. Ela olha para os lados e tenta compreender as leis da física, mas a única coisa que vem em mente é que nem a lei da gravidade a impede de alçar vôos mais altos.
No fundo sabe disso, que quando realmente quer algo consegue. Ela gosta dos prazeres simples da vida, como ouvir uma boa música, sentir-se anestesiada com palavras escritas.
Ela fala palavrão com tamanha elegância de uma Audrey Hepburn, em uma era digital de “analfabetos” insiste em escrever corretamente.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Chega de amar, chega de me doar, chega de me doer.


Você se cansa de amores incompletos, de amores platônicos, de falta de amor, de excesso disso e daquilo. Se cansa do “apesar de”. Se cansa do rabo entre as pernas, da sensação de estar sendo prejudicado, se cansa do “a vida é assim mesmo”. Você se cansa de esperar, de rezar, de aguardar, de ter esperanças, cansa do frio na barriga, cansa da falta de sono. Você se cansa da hipocrisia, da falsidade, da ameaça constante, se cansa da estupidez, da apatia, da angústia, da insatisfação, da injustiça, do frenezi, da busca impossível e infinita de algo que não sabe o que é. Se cansa da sensação de não poder parar.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eu pensei em um monte de coisas que eu nunca poderia ter pensado essa manhã.

Seus olhos eram de desilusão, de cansaço. Cansada de construir sonhos, planos, fantasias. E depois da desilusão ter de destruir uma a uma, como se nada daquilo tivesse um dia existido, só para olhar para trás e não sentir nada do que sentira antes. Era mais um fim doído, choroso, arrastado. Fosse o ponto final sua última lágrima de dor, já havia então sido decretado. Decretado num discurso mudo, num adeus em silêncio. Dito através de tudo daquilo que não havia sido falado.
“Meu coração tá ferido de amar errado. De amar demais, de querer demais, de viver demais. Amar, querer e viver tanto que tudo o mais em volta parece pouco. Seu amor, comparado ao meu, é pouco. Muito pouco. Mas você não vê. Não vê, não enxerga, não sente. Não sente porque não me faz sentir, não enxerga porque não quer. A mulher louca que sempre fui por você, e que mesmo tão cheia de defeitos sempre foi sua. Sempre fui só sua. Sempre quis ser só sua. Sempre te quis só meu. E você, cego de orgulho bobo, surdo de estupidez, nunca notou. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado."

A unica coisa que precisamos.

Eles se amam. Todo mundo sabe, todo mundo diz, todo mundo insiste. Eles são os únicos que não sabem disso ainda. Mentira: Sabem sim, mas não vêem. Tudo culpa daquele medo meio irracional e paranóico. Aquele silêncio gritante, aquela vontade, temperada com anseios de um futuro incerto. Não importa. Sempre que pensam um no outro sorriem. E por enquanto, apenas isso basta. 

Minha alegria eu compro em cápsulas, eu sei na teoria. Adio toda a dor.


Nenhuma verdade me machuca, nenhum motivo me corrói, até se eu ficar só na vontade, já não dói. Nenhuma doutrina me convence, nenhuma resposta me satisfaz. Nem mesmo o tédio me surpreende mais. Nenhum sofrimento me comove, nenhum programa me distrai, eu ouvi promessas e isso não me atrai. E não há razão que me governe, nenhuma lei pra me guiar.

domingo, 16 de janeiro de 2011

A gente se engana muito com as definições românticas.

Por mais que eu adie a vida sem você e fuja do mundo pra esperar um telefonema por duas ou três semanas, no fundo eu sei que você não volta. Que a gente não volta. Bem lá no fundo eu sei que você quer ser passado, mesmo ainda sendo tão presente em mim.

Já foi, não, volta.


Você está partindo.
Hoje eu acordei, e pela primeira vez, senti que você tinha ido.
Hoje eu acordei, e percebi que você não estaria lá quando eu quisesse ligar pra alguém, somente pra falar bobagens, e fazer graça dessa vida amarga. 
A saudade vai foder comigo, cara. Mas nós vamos ficar bem, de qualquer maneira. 
Você está partindo. 
E hoje eu acordei e não me senti muito bem a respeito disso.
Victoria