As luzes oscilam na estação, enquanto alguém, alheio a qualquer um em sua volta, cantarola uma melodia levemente famíliar. 30. Me inquieto, de subto nervosa e apreensiva. A música vira um suave sussurro, acariciando minha mente. Ideias dormentes a tanto tempo -quanto?- acordam de seu sono conturbado e trazem vida à tudo o que meu subconciente estivera lutando pra esquecer. Risadas sonoras como plano de fundo de um filme piégas passam entre meus olhos e, tendo como telespectadora, minha alma. 20. Um calor morno tomava conta do meu corpo enquanto minhas lembranças e anseios iam sendo desmembrados, lágrima por lágrima. Meu coração, um cliché barato de quinta categoria continuava guardando um sorriso em particular, por mais que toda a razão contestasse a estupidez da escolha. Eu, tola em meus devaneios, me apaixonei por cada lembrança, por cada vestigio de algo que já não era. 10. Em algum lugar, uma batalha antiga era travada, entre o que quero e o que preciso. Orgulhosa, insisto. Teimo no erro. Mistifico, engano a mim mesma, ainda sabendo que o perdedor só pode ser eu. 5. Mas finjo que não, e continuo lutando, brandindo minha furia -de que?- contra os ventos, para que, por um instante que seja, me sinta um pouco menos vazia. 4.
O trem chega e a estação inteira acorda. 3. Todos seguem apressados seus caminhos, carregando malas lotadas e corações apertados. 2. Lenços são usados e despedidas chorosas são feitas na ultima hora. 1. A fumaça levanta e o trem segue, espalhafatoso, seu rumo, com o peso da promessa que trazem os novos horizontes.
Algumas horas depois, sentada no mesmo banco, espero paciente o horário da partida. Perdida em mim mesma, um estranho passa ao meu lado, carregando um cheiro estranhamente famíliar...
30.